O pai de santo de uma tenda espírita de Águas Lindas (GO), acusado de abusar sexualmente de pelo menos três mulheres e uma adolescente, foi condenado nessa quinta-feira (12/5) a oito anos e dois meses de prisão por um dos crimes cometidos. O julgamento foi realizado pelo Tribunal do Júri de Ceilândia.
De acordo com a denúncia feita pelo Ministério Público (MPDFT), a vítima passou a frequentar o local em 2016. No final daquele ano, houve uma festa e o acusado, se dizendo incorporado pelo “Exu Capitão Veludo”, aproximou-se da adolescente, sua filha de santo, e disse a ela que ambos eram casados e que pediria permissão ao “astral” para tocá-la.
Após uma semana, o homem, supostamente incorporado, informou que o ato sexual entre os dois deveria ser praticado o mais rápido possível, pois, caso contrário, ela seria estuprada por alguém. A relação foi mantida por mais de dois anos, até que a vítima descobriu uma gravidez. Nesta oportunidade, o réu convenceu a vítima a praticar o aborto.
A mãe da vítima conta que o júri começou pela manhã e terminou tarde da noite. “Foi muito cansativo, mas estamos começando a nos sentir aliviadas”, comenta.
Como o acusado respondeu ao processo em liberdade, ele também poderá recorrer estando solto. “Eu sei que ele vai ter que cumprir. Ainda há outros processos para saírem sentenças e com certeza será culpado”, diz.
Segundo ela, até hoje a filha sofre com tudo o que passou nos anos em que teve contato com o líder religioso. “Minha filha tem muitos traumas. Não sai de casa sozinha, só sai comigo”, destaca.
Relembre o caso
As investigações da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam 2) revelaram que o pai de santo ganhava a confiança das vítimas e dizia que a entidade Exu Veludo – a qual ele alegava ser capaz de incorporar – era apaixonado por elas. Para convencer as jovens, o líder religioso dizia que as vítimas teriam prosperidade e se livrariam de maldições caso tivessem relações sexuais com ele.
O suspeito tem um terreiro em Águas Lindas, onde conheceu as meninas. Os estupros, porém, teriam ocorrido na casa do criminoso, em Ceilândia, e na residência das vítimas. Das quatro mulheres que acusam o religioso de abuso, três eram virgens.
Ele foi autuado por violação sexual mediante fraude e aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante. O pai de santo foi levado para a Divisão de Controle e Custódia de Presos (DCCP), mas foi solto logo em seguida.
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